Chega a ser ingênuo dizer que a noite, os clubes e as baladas eletrônicas de Londres não têm fim, mas a verdade é essa: não têm fim. Esteja onde estiver, perto das regiões mais centrais ou não, há sempre um clube à sua espera nessa “clubelândia”. E, com DJs de primeira e aquele ar cosmopolita que só as grandes cidades possuem, é muito, mas muito mais divertido que a Disney.
Assim como os pubs, os clubes de música eletrônica se transformaram em instituições londrinas. Mas... há uma polêmica no ar, e não é de hoje. A “crise” da dance music na Inglaterra. Como os superclubes e as festas históricas dos 1990 não existem mais, ou não têm o mesmo brilho, muita gente anda desiludida e lamenta o esvaziamento da cena. O que não é verdade. Os tempos mudaram. Novas sonoridades se espalham pelas ruas e, graças a velhos talentos e ao surgimento de núcleos e selos musicais alternativos, a noite londrina continua bela e vibrante.
Para quem é um pouco deslumbrado, um único conselho: não entre em pânico. Mesmo morando anos em Londres, você jamais conseguirá ver e ouvir tudo. A cena é tão dinâmica, com DJs vindos do mundo inteiro, estilos se fundindo, clubes abrindo e fechando a toda hora que... take it easy! Sabendo nadar, apenas jogue-se no mar... deixe-se levar pelas ondas... e descubra sua praia!
Outra coisa: não seja esnobe, e não tenha preconceito. Esqueça o carão, aquela bobagem de atitudes e movimentos estudados. Não funciona. Há gente de “todos os planetas” transitando e vivendo em Londres, e a maioria não vai se impressionar com um teatro barato. O cara de jeans ao seu lado pode ser filho de um xeque árabe e gastar um poço de petróleo numa só noite. A quarentona com estola de pele e maquiagem berrante pode ter testemunhado o nascimento do acid house. Então, vá para a festa com leveza, com a mente aberta. Pela música, pela dança. Suar e se divertir ainda é o melhor de tudo.Seguem alguns comentários sobre 5 famosíssimos clubes londrinos, todos de excelente qualidade e fácil acesso. Preços, programação e público variam de noite para noite. Dicas: chegue cedo e bebida (assim como água, energéticos, etc) em geral é cara em Londres, não importa o dia da semana. Portanto, vale a pena dar uma calibrada “básica” antes, em casa ou num bar universitário.
Quer mais, entao tooooma!
Fabric. (http://www.fabriclondon.com)
Histórico e alucinante. Um antigo armazém, esse clube gigantesco é um exemplo de profissionalismo e respeito à cultura clubber e sua diversidade. Infra-estrutura excepcional, 3 rooms, palco, telão com belíssimos vídeos na pista principal e por aí vai. Sexta tem Fabriclive, com nomes importantes da vanguarda e do underground. Sábado é a grande noite, com DJs residentes e convidados – em 23.04.05 tocarão, entre outros, Mark Farina e Scan X & The Youngsters (live). E domingo tem DTPM, amostra grátis do que é uma festa polissexual e crazy people. Detalhe: se for DJ ou promoter, vá com grana ou resista à tentação. Há máquinas que vendem CDs do selo Fabric e às vezes também rola um povo vendendo vinis.
The Fridge. (http://www.fridgelondon.com)
Hard. Sometimes very hard. Amantes de hard house, hard trance: esse é o canal. Tranceiros: esse é o vosso templo. O clube fica em Brixton, sul de Londres, e é um dos mais conhecidos da cena hard. Apesar de um pouco caótico, e com públicos totalmente diferentes dependendo da noite, vale a experiência. As melhores festas acontecem sexta, com ferveção até as 6 da manhã. Mesmo que o lugar esteja lotado, não adianta reclamar, em Londres é assim mesmo: os clubes têm hora marcada para terminar a festa, as luzes se acendem e... já era! Por isso, não vacile e, uns 15 ou 5 minutos antes de acabar, corra para a saída (regra de ouro para qualquer clube!). Ou vai se arrepender amargamente de pegar fila – enquanto não muito longe dali começa um after hours. No próximo 15.04.05, mais uplifting trance, e Agnelli & Nelson farão um set exclusivo de 3 horas.
Heaven. (http://www.heaven-london.com)
Obrigatório para todos os clubbers, povo do house e turistas. O talvez mais famoso clube gay de Londres tem 5 pistas, lounges, laser de chorar, DJs & MCs fantásticos e, claro, muito hedonismo. Comemorou 25 anos em 2004, reunindo todo tipo de gente: eletrônicos de carteirinha, punks, japonesas histéricas, modelos, Christian Slater, trash kids e replicantes à Blade Runner. Volta e meia, de quinta a sábado, rolam eventos especiais, como Bora Bora (quando Danny Tenaglia fez um set animalesco de 8 horas!), La Troya Asesina (com o inimitável Baby Marcelo, no melhor estilo de Ibiza) e Gatecrasher (sim, o poderoso clube de Sheffield desce para Londres). Quer mais? Paul Oakenfold, Paul Van Dyk, Rachel Auburn e outros monstros sagrados das pick-ups recentemente tocaram lá, em noites memoráveis. Segunda tem Popcorn, com fila dobrando a esquina, entrada e biritas mais baratas e, acredite, brasileiros de todas as partes da cidade tomando conta do lugar. Dá-lhe, povo de Brasil!
Turnmills. (http://www.turnmills.co.uk) Outro clube histórico, perto do Fabric. O lugar em si é uma lenda, uma mistura de Paraíso e Inferno, seja pelos inúmeros gêneros musicais, seja pelos freqüentadores. Sexta (The Gallery) é uma das melhores noites de house e trance de Londres, e em abril estão programadas 2 boat parties no Tâmisa – 22.04.05 (destaque: Armin Van Buuren) e 29.04.05 (destaques: Tall Paul, Judge Jules e Sister Bliss). Aos sábados acontecem festas incríveis, com Chemical Brothers, Carl Craig, Eric Prydz... Além da Trade, um after hours que começa às 5 da manhã e se estende domingo adentro. Como se não bastasse, o clube tem um restaurante (Top Floor) luxuoso, onde rola cabaré, lounge music e shows.