Quem tem que viajar pela capital britânica sabe: passagens são caríssimas, ônibus nem sempre chegam em tempo, trens quebram regularmente e congestionamentos são freqüentes. A saída para evitar este caos urbano, economizar tempo e dinheiro, além de se manter em boa forma, pode estar na bicicleta. Apesar de somente 2% das viagens na capital serem feitas sobre duas rodas (comparadas com 28% em Amsterdã e 12% em Munique), este cenário está para mudar radicalmente nos próximos anos. Pelo menos, esta é a vontade do prefeito Ken Livignstone. Entusiasta do transporte verde, ele promete mais ciclovias e melhor infraestrutura para os ciclistas, como chuveiros e armários públicos, ainda na atual gestão. A meta é criar um sistema viário alternativo, mais rápido, saudável e menos oneroso.
É claro que em dias chuvosos e extremamente frios a bicicleta fica longe de cogitação. Mas enquanto o inverno rigoroso não chega e o instável tempo inglês permitir, pedalar até o centro é uma boa ideia. De acordo com uma pesquisa da BBC, cerca de 66% das viagens na capital são de curta distância, numa média de 15 minutos cada. Mas os londrinos levam mais que o dobro deste tempo presos no tráfego ou trocando de uma transporte para outro. Bicicletas oferecem a vantagem de poder cortar o tempo de percurso até pela metade, e em alguns dos casos onde já existem ciclovias, até menos do que isso.
Outro beneficiário da viagem de duas rodas é o bolso. O investimento inicial na bicicleta geralmente é pago em dois ou três meses de transporte público, dependendo do modelito; estacionamento é relativamente fácil e gratuito e o ciclista fica livre da famigerada "congestion charge" (o pedágio urbano cobrado para circular de carro pelo centro de Londres). Uma bicicleta nova custa na faixa de £ 150, mas também é possível alugar ou comprar uma de segunda mão em estado razoável por até £ 50 nas inúmeras lojas espalhadas pela capital (veja dicas de lojas no site da London Cycling Campaign, LCC).
A terceira, e talvez a maior vantagem, tem a ver com a saúde. Segundo relatório da British Medical Association (BMA), pedalar pelo menos 30 minutos por dia proporciona melhor capacidade motora e cardiovascular, prolongando a vida. Você se livra do estresse da hora do "rush" e respira um ar relativamente mais fresco (mesmo assim, melhor usar uma mascara anti-poluição à venda nas lojas de bicicletas). Outra vantagem de viajar na "bike" é a de conhecer outras pessoas que fazem parte de organizações de ciclistas pela cidade, um grupo lobista em expansão. Elas organizam eventos como a "Bike Week" em junho, com consertos de bicicleta gratuitos, dicas de manutenção e de segurança no trânsito, passeios noturnos e pelo interior do Reino Unido, além de churrasco no verão.
As organizações também dão dicas de como e onde comprar bicicletas e acessórios e oferecem mapas gratuitos de ciclovias nos seus respectivos websites. Basta dar um download.A dica para aproveitar sua bicicleta ao máximo nas ruas de Londres é a de se filiar a uma dessas ONGs, geralmente pagando uma quantia simbólica. Outro fator a se ter em mente é a de que ser ciclista na Inglaterra requer mais conhecimento das leis de trânsito do que certamente no Brasil. Portanto, para evitar acidentes e motoristas furiosos, melhor investir também em um capacete e roupas fluorescentes, além de luzes na traseira, em caso de trajetos noturnos. Cadeados e correntes não podem faltar na lista, e mesmo com toda segurança em acessórios, vale consultar as dicas de locais mais seguros para estacionar sua bicicleta no site da Transport For London, TFL. O aconselhável é se informar ao máximo sobre rotas e comportamento do ciclista nesses sites antes de sair de casa. Abaixo, uma lista das organizações mais ativas da capital. As duas primeiras são paradas obrigatórias para o ciclista noviço.