Em busca dos antepassadosTer a chance de conseguir um passaporte europeu pode facilitar muito a vida de quem é brasileiro na Europa. Mas se for decidir contratar serviço profissional, preste atenção |
Muitos são os caminhos pelos quais os brasileiros tentam residir no Reino Unido. Um deles, e sem dúvida um dos mais seguros, é a obtenção de cidadania européia através de antepassados europeus. Desde a institucionalização da cidadania européia no Tratado da União Européia em 1991, todos os cidadãos dos estados membros passaram a valer se do direito de viajar, trabalhar e residir em qualquer país da UE sem a menor burocracia. A UE conta atualmente com 25 países membros, sendo elas: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Dinamarca, Espanha, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Finlândia. França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca e Suécia. Sendo os brasileiros um resultado de miscigenação massiva entre europeus, africanos e nativos, não é raro achar algum laço europeu na árvore genealógica. O problema é que esse laço não garante o direito à naturalização. Então, quais são os requisitos para aqueles que possuem um gene europeu no DNA? Depende. Cada país tem a sua própria legislação quanto a questão. Para a obtenção de cidadania portuguesa ou espanhola é preciso ser filho ou neto de imigrantes. No caso espanhol, o direito só é válido depois que o interessado residir por pelo menos um ano legalmente na Espanha. Na Itália, o direito é restrito aos filhos de mãe italiana nascidos depois de 1948 e filhos, netos e bisnetos de homens italianos. Já para os descendentes de alemães, o caso complica. Só possuem direitos os filhos de mãe alemã nascidos depois de 1975 e filhos de pai alemão nascidos antes de 1975. Caso um cidadão alemão tenha emigrado da Alemanha antes de 1904 perde automaticamente a sua nacionalidade alemã após uma permanência de 10 anos no exterior. Depois de verificar se você pode tentar pedir a cidadania européia, vem o próximo passo, talvez o mais cansativo, caro e frustrante: achar os documentos que comprovem a sua descendência. Nessa etapa, também varia de país para país a papelada necessária para dar entrada na naturalização. Porém o básico em todos os casos é: certidão de nascimento, casamento e óbito (em caso de falecimento) dos antepassados. E é justamente aí que muitos brasileiros acabam se enrolando e contratam profissionais especializados em busca de documentos perdidos, assistência no encaminhamento do processo e legalizações. O que não se deve esquecer é que esses profissionais não criam passaportes europeus, mas apenas prestam serviços de consulta, despacho e tradução. Caso a pessoa não disponha de tempo ou não tenha condições de se comunicar na língua necessária, eles são uma alternativa viável. Entretanto, é preciso tomar muito cuidado na hora de contratá-los, existem muitos “agentes” falsários vendendo sonhos. Eduardo Martinelli, 33, foi um dos muitos que caíram na armadilha. Ele chegou em Londres, em agosto de 2002, com visto de estudante já procurando os certificados de casamento e óbito de seu bisavô italiano. Logo que começou a trabalhar na rua distribuindo panfletos, conheceu pessoas que haviam contratado um “agente” brasileiro na Itália. Não perdeu tempo e já entrou em contato por telefone. Desembolsou 400 pounds e enviou os documentos que ele já tinha via fax. O “agente” sempre respondia com otimismo e entusiasmo, chegando até a alegar que já havia achado os documentos que faltavam. Quando Eduardo viajou à Itália, em março de 2004, para dar entrada no processo, a surpresa, não havia nenhum documento. O “agente” conseguiu abafar a situação e Eduardo voltou mais duas vezes à Itália, quando finalmente percebeu que foi enganado. Exigiu o reembolso da taxa, mas só recebeu a metade sob alegação de que foi feito muito trabalho em cima do caso. |
Além da taxa paga ao picareta, Martinelli gastou com passagens aéreas, hospedagem na Itália, conta de telefone, tempo, paciência e frustração, sem nenhum retorno. Desistiu de procurar os documentos via terceiros e agora pensa em voltar para o Brasil, em setembro, onde vai pesquisar melhor os detalhes de seu bisavô. Mas há também profissionais sérios no ramo. Carina Estrella, 28, amiga de Eduardo, reside hoje em Londres como cidadã ítalo-brasileira. No começo não foi fácil. Chegou em Londres, há três anos, também com visto de estudante. Já sabia que seu bisavô da parte materna era italiano, só precisava da certidão de nascimento para poder dar entrada na naturalização. O problema era que ela não sabia a Comune em que o bisavô havia nascido. Em julho de 2003 entrou em contato com o mesmo “agente” de Eduardo. Depois de um mês de conversas desistiu e foi procurar outro profissional. Dessa vez, a agente morava em Londres e era brasileira. O trabalho dela era dar assistência e fornecer contatos com advogados e despachantes na Itália. Carina gastou 200 pounds com a agente, 400 euros com o despachante e 1500 euros com a advogada. Sempre teve que pagar metade da taxa na entrada e o resto só com o resultado na mão. Entre março e agosto de 2004 viajou quatro vezes à Itália seguindo o processo legal, etapa por etapa, e na última vez que voltou de Nápoles, passou pela imigração britânica com a identidade européia em mãos. Para aqueles que têm interesse em obter cidadania européia por possuir um antepassado europeu , ou para aqueles que já estão no meio do caminho para obtê-la, aqui vão algumas dicas: Pesquise bastante. Internet é uma fonte gigante e grátis. |
08 agosto 2005
Descendentes de Italianos, espanhóis, etc e tals
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