Brasileiro que chega desavisado e vai logo procurar emprego se depara com essas duas letrinhas: CV. “O quê que é isso?” Na verdade, trata-se das iniciais do latim “Curriculum Vitae”, que no Brasil é mais conhecido simplesmente como currículo. Por incrível que pareça, esse documento é requerimento essencial para muitos empregadores, mesmo que a vaga seja para lavar prato num restaurante. Portanto, é bom que quem estiver procurando emprego tenha sempre um CV debaixo do braço.
Embora pareça um tanto complicado, o tal CV não é um bicho de sete cabeças. Ele deve ser, no entanto, suficientemente atraente para convencer o empregador de que você é a pessoa que ele está procurando para preencher a vaga que ele está oferecendo. Mas não é necessário colocar lá detalhes de todos os empregos pelo qual você já passou na vida, uma vez que, diferentemente do Brasil, aqui a qualidade da informação é mais valorizada que quantidade. “Tem que ir direto no ponto, currículo com mais de duas páginas é grande demais e o empregador nem perde tempo lendo”, alerta a assistente social Luciana Buzac.
Acertando o alvo
Uma forma de currículo muito popular na Inglaterra e que não funciona bem no Brasil é o chamado “Targeted CV”, que contém apenas informações que são relevantes para determinado tipo de trabalho. Para quem está procurando emprego em várias áreas diferentes, o ideal é selecionar as informações necessárias e fazer um de acordo com cada tipo de emprego. Portanto, se você está procurando emprego em um restaurante, pode deixar de fora sua experiência como dentista no Brasil e se restringir aos trabalhos que teve como garçon ou barman por aqui mesmo.
Mas é aí que está o problema. Como a maioria dos brasileiros que vêm para Londres ou nunca trabalhou ou teve empregos somente dentro de suas carreiras profissionais, e nem sempre é possível encontrar uma vaga equivalente em Londres, eles se sentem perdidos na hora de fazer o primeiro curriculo. Mas existe sempre um jeitinho, e esse é justamente o trabalho que Luciana presta para a organização Parentpark, que atende pais solteiros de qualquer nacionalidade, cuja maioria nunca trabalhou na vida. “Eu aconselho a pessoa a procurar coisas na experiência profissional que ela tem que possam, de alguma forma, serem relacionadas com o tipo de trabalho que ela está procurando”, recomenda ela.
Ou seja, se você se se formou em administração e estagiou em uma pequena empresa no Brasil, vale a pena colocar isso no CV na hora de procurar um emprego em um restaurante, por exemplo. E não esqueça de reforçar, caso você seja convidado para uma entrevista, como você pode aplicar o que você aprendeu em prática.
E vale a pena ressaltar que experiência pessoal ou em trabalho voluntário, que raramente conta ponto no Brasil, são tratados como um diferencial em relação a outros candidatos. Ter cuidado de um parente deficiente físico conta e muito como experiência pessoal válida para a pessoa que está procurando trabalho como “carer”, do mesmo modo ter irmãos pequenos pode ajudar se a vaga é para babá. “Mesmo que você não tenha trabalhado profissionalmente com isso, desde que seja algo que você se sinta confiante fazendo, pode entrar no curriculo”, lembra Luciana.
Finalizando o CV
Existem vários modelos de CV já prontos, e como muitos são de domínio público, não é nenhum crime tomar como modelo um de acordo com o tipo de trabalho que você está procurando. Claro que, se você decidir você precisa se certificar de que as características pessoais estão de acordo com sua personalidade. Normalmente, os modelos seguem o seguinte padrão: suas informações pessoais no topo, começando pelo seu nome - não precisa dizer “curriculum vitae”. Em seguida, vêm uma pequena descrição do profissional que você é, sua escolaridade (coloque também o que seria equivalente para a sua qualificação no Reino Unido), experiência de trabalho – comece da mais recente e não esqueça de colocar as datas de entrada e saída do emprego. Não precisa ser necessariamente nessa ordem.
Você fala português e isso é algo que pode te dar uma vantagem em relação a outros candidatos. Não se esqueça de citar também outras línguas que você fale, e, claro, reforçar caso você tenha passado em alguma qualificação em Inglês, como os exames de Cambridge. Se você tiver falhado, por outro lado, é melhor omitir até que tentou. Afinal de contas, essa é a grande vantagem do CV em relação aos “application forms”: você só coloca o que quer. E fotografias não precisam ser colocadas mesmo, a menos que a vaga seja para modelo ou algo do tipo.
E afinal, é ou não é necessário colocar nacionalidade? Para falar a verdade, não, já que isso não deveria contar pontos a favor ou contra, já que as leis britânicas protegem qualquer cidadão contra qualquer tipo de discriminação, pelo menos teoricamente. Ter referências é algo que conta pontos, mas nada de amigos: tem que ser alguém que tenha relação de empregador. Mas caso você não tenha sido empregado ainda em Londres, ou ache que seu ex-empregador não vai falar bem de sua performance, é melhor pular esse ponto do que colocar referências no Brasil. Inclua informação sobre o seu tipo de visto, e se a data de vencimento estiver próxima, acrescente que você pensa em extender, se for caso.
Para concluir, claro, se certifique de que as informações relativas a como entrar em contato, como telefone e endereço, estão atualizadas. Tenha cuidado também para não dar mancada no inglês. É sempre válido pedir para que seu professor (ou um amigo) dê uma revisada antes de imprimir. Afinal de contas, apenas um erro crasso pode ser suficiente para te deixar de fora antes mesmo de qualquer entrevista.
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